segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sétimo Encontro Cravo do Canavial - UFRN

Alguns Cravos pelo Caminho...
Não se pode dizer que este foi um encontro fácil. Para mim, especialmente, pois estava muito cansado da semana que tive. Ainda antes de começar o trabalho, Carla contou que Leilane não iria continuar no processo. Logo depois, a própria Leilane chegou e nos falou. Um momento triste. Queríamos que ela continuasse o trabalho, mas a saída dela foi bonita, compartilhada com o carinho de todos. Resultou que ela vai continuar próxima, trabalhando no blog do projeto. Iniciado o trabalho, fizemos o trabalho com as periferias do corpo, como vínhamos fazendo nos encontros anteriores. Em seguida, fizemos um trabalho energético com base na figura dos caboclos de lança, e possivelmente este foi o momento mais prazeroso para mim em todo o encontro. Brincamos livremente com os paus que levamos ao som de maracatu. Um momento para o corpo se libertar, brincar.
E passamos ao trabalho com o mestre, com a coreografia que estávamos ensaiando, o esquentamento. Na semana anterior não tivemos encontro por causa do feriado. E sentimos isso nesse encontro, perdemos muito da coreografia do mestre, ainda que tenhamos conseguido recuperar com alguma facilidade.
Finalmente passamos para o trabalho da mimese. Desta vez a figura foi a Catita. Como nos encontros anteriores estudamos as fotos, trouxemos para o nosso corpo as posições, construímos os punctos, as equivalências... tudo isso usando as saias levadas.
Então, em semicírculo, passamos a apresentar todas as figuras trabalhadas, uma por uma, cada um de nós, num exercício difícil e cansativo. Buscar todo o trabalho no nosso corpo, a história do que construímos... Alguns momentos mais frágeis, outros de força... foi a primeira vez que paramos para olhar o trabalho dos colegas, o que foi muito bacana, pois existiam belas construções.
Um pensamento colocado por Carla sobre a mimese foi o da importância da observação dos detalhes. Perceber cada posição de cada parte do corpo das imagens e trazer isso para o nosso corpo.
Algumas vezes não consigo lembrar todos os detalhes. Alguns trabalhos me fogem... momentos em que é muito difícil manter o corpo na posição da figura e ao mesmo tempo sentir uma energia, uma vida, no corpo, sem que tudo pareça tão mecânico. Sinto como se minha atenção estivesse transitando o tempo todo entre a forma e as sensações despertadas. E enfrentando a dificuldade de caminhar com ambas. 
Então, pausa. E encontramos o X colocado na sala. Desta vez, o X não estava no canto da sala. Mas no centro. E agora tínhamos que ir a ele ao comando de Carla. Falar o que vier, viver o que vier. Estava cansado, briguei comigo mesmo e com o cansaço. Mas as primeiras vezes foram de raiva em ter de me mostrar. Não queria estar ali. Em algum momento quase me entrego. Até que na última vez me permito brincar, e algum prazer aparece... e encontro algo em mim que estava hesitante...
Mas restava ainda a última figura que iríamos trabalhar, o Caboclo de Lança. Este teve um processo diferente. Não partimos de imagens, partimos de dentro. Fizemos uma leitura, particular, da pesquisa sobre o azougue e usando lenços na cabeça, buscamos uma figura interna, esse caboclo internamente. Algo difícil de construir, senti muito dificuldade de acessar essa figura. Para mim, foi a figura mais impalpável. Não consegui lembrar do início do encontro, do prazer que tive ao brincar de caboclo. Talvez tenha me faltado trazer a brincadeira para esse momento.
Finalmente, finalmente, passamos ao trabalho do Baixio das Bestas. A cena que estamos fazendo com base na energia do filme. Algumas marcações estão ficando mais claras, algumas adaptações feitas... e a cena continua. Sem Leilane desta vez, minha parceira mais próxima de cena. Mas construindo uma nova relação com Andressa, que com toda a bravura busca o trabalho.
Terminamos aquele dia, passando a música escrita por Vânia. Mostrando o que tínhamos para Marco França que vai fazer um trabalho musical conosco. Com isso tudo, nem tivemos tempo para fazermos as anotações do dia... muita coisa feita.
Ah, tivemos ainda mais uma despedida, Paul, que já havia anunciado sua saída, mas apareceu para se despedir da gente. Mais uma despedida. Foi, realmente, um encontro difícil. De despedidas, mas também de continuidade. E de muito trabalho. Como a vida.
George Rocha Holanda

Um comentário:

  1. "De despedidas, mas também de continuidade. E de muito trabalho. Como a vida." Muito lindo isso, George!! E vamos que vamos...de lança na mão e cravo na boca, segurando a calunga e saudando a Jurema, de burrinha na cintura e cachaça na mão, de saia e pano pra pedir dinheiro, de clown e de avesso! =)

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